Ednardo dos Santos Lima, acusado de envolvimento no crime, é o primeiro réu a ser julgado pelo Conselho de Sentença da 2ª Vara do Júri de Fortaleza. Ednardo, conhecido como “Aço”, é acusado dos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado e integrar organização criminosa. A sessão está ocorrendo no Fórum Clóvis Beviláqua, na em Fortaleza.
Na denúncia do Ministério Público do Ceará, Ednardo é apontado como uma das lideranças da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) e um dos mandantes da chacina. Como chefe do grupo, ele teria concordado com a execução e ordenado o crime.
A chacina ocorreu mediante uma disputa de territórios entre a facção criminosa de Ednardo e o Comando Vermelho. A ideia, conforme a investigação, era promover uma ataque massivo a um local “emblemático” do grupo rival, no caso, o Forró do Gago, e dominar o bairro Cajazeiras, onde ficava o clube e onde aconteceu a matança.
Ao todo, 15 pessoas foram denunciadas por participação na chacina. Destes, oito foram pronunciados, isto é, a Justiça decidiu submetê-los ao julgamento pelo Tribunal do Júri – que analisa crimes contra a vida. Entre eles, Ednardo dos Santos.
Dos sete denunciados restantes, um morreu e seis foram impronunciados – decisão que considera que não há indícios suficientes para levar o suspeito ao Tribunal do Júri, o que não significa, contudo, que a pessoa foi absolvida.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), o processo da Chacina das Cajazeiras possui mais de seis mil páginas e é considerado de alta complexidade. Para dar celeridade aos julgamentos, o caso foi desmembrado em outros processos, o que possibilitou antecipar o julgamento de alguns envolvidos, como Ednardo.
Além dele, os outros réus pronunciados devem ser levados a júri popular, depois do julgamento dos recursos apresentados pela defesa. Ainda não há, porém, prazo para isso acontecer.
Casa de show foi fechada após chacina em Fortaleza — Foto: Thiago Gadelha/Sistema Verdes Mares
O crime
Na madrugada do dia 27 de janeiro de 2018 membros de uma facção criminosa invadiram o “Forró do Gago” e dispararam contra pessoas que se divertiam ou trabalhavam no local. Ao todo, foram 14 mortos, sendo 12 adultos e 2 adolescentes, e outras 15 pessoas baleadas na ação.
O ataque foi motivado pela localização do Forró do Gago, que ficava no bairro Cajazeiras, então ocupada pelo Comando Vermelho. A facção que encomendou o ataque, a GDE, queria tomar o território para traficar drogas, segundo a investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Chacina das Cajazeiras completa quatro anos; 14 pessoas foram mortas
Inicialmente, o ataque iria ocorrer em outra casa de show no bairro Messejana, também em Fortaleza, mas foi transferido para o Forró do Gago por ser considerado um local mais vulnerável.
Na época, o delegado titular do 13º Distrito Policial, Hélio Marques, afirmou que todos os mortos “estavam no local errado e na hora errada”, pois os tiros foram disparados a ermo, sem que os homicidas se importassem quem seria alvejado.
Confira a identificação dos 14 mortos na ‘Chacina das Cajazeiras’:
- Maíra Santos da Silva, 15 anos
- José Jefferson de Souza Ferreira, 21 anos
- Raquel Martins Neves, 22 anos
- Luana Ramos Silva, 22 anos
- Wesley Brendo Santos Nascimento, 24 anos
- Natanael Abreu da Silva, 25 anos
- Antônio Gilson Ribeiro Xavier, 31 anos
- Renata Nunes de Sousa, 32 anos
- Mariza Mara Nascimento da Silva, 37 anos
- Raimundo da Cunha Dias, 48 anos
- Antônio José Dias de Oliveira, 55 anos
- Maria Tatiana da Costa Ferreira, 17 anos
- Brenda Oliveira de Menezes, 19 anos
- Edneusa Pereira de Albuquerque, 38 anos
Em julho de 2021, a 2ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza confirmou o recebimento de denúncia contra 13 suspeitos de serem os autores chacina, antes disso, um dos mandantes já havia sido denunciado e no decorrer do processo um outro suspeito teve a ação extinta pela Justiça após falecer por complicações de saúde em 2019.
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