Por Jacob Gronholt-Pedersen e Louise Rasmussen e Maggie Fick
COPENHAGUE (Reuters) – A dinamarquesa Novo Nordisk lançou nesta quinta-feira uma proposta pela empresa de biotecnologia norte-americana Metsera, especializada em obesidade, contrapondo-se a uma oferta da concorrente Pfizer.
A disputa ocorre em meio à concorrência das farmacêuticas no mercado de medicamentos para perda de peso, que está em rápido crescimento e é altamente competitivo.
A Novo Nordisk, empresa por trás do medicamento para perda de peso Wegovy e do medicamento para diabetes Ozempic, ofereceu até US$8,5 bilhões pela Metsera, incluindo US$6 bilhões à vista e pagamentos posteriores referentes a metas alcançadas. A oferta da Pfizer foi de US$7,3 bilhões, incluindo pagamentos por metas alcançadas.
Em comunicado, a Metsera afirmou que a oferta da Novo Nordisk era ‘superior’ e que já havia notificado a Pfizer, que agora tem quatro dias úteis para negociar. A empresa disse que a oferta da dinamarquesa avaliava a Metsera em até US$77,75 por ação, totalizando cerca de US$9 bilhões.
A Pfizer afirmou em comunicado que a oferta da Novo Nordisk era ‘irresponsável’ e prejudicaria a concorrência no mercado de medicamentos para obesidade.
TRATAMENTOS PARA OBESIDADE E DIABETES
A iniciativa sinaliza uma guinada agressiva da Novo Nordisk uma semana após a destituição da maior parte de seu conselho administrativo, devido a preocupações de que a empresa não esteja se movendo com rapidez suficiente no mercado de obesidade, no qual sua principal rival é a Eli Lilly.
A oferta também está alinhada à promessa do novo presidente-executivo da Novo Nordisk, Mike Doustdar, de construir uma sólida linha de tratamentos de próxima geração para diabetes e obesidade, enquanto a empresa se prepara para a expiração da patente da semaglutida, o princípio ativo do Wegovy e do Ozempic.
A Metsera é uma das várias empresas que desenvolvem medicamentos experimentais para perda de peso, incluindo um que poderia ser tomado com menos frequência que os produtos da Novo Nordisk e da Eli Lilly.
‘O acordo certamente ajudaria a Novo Nordisk a melhorar seu posicionamento no mercado de obesidade, desde que os produtos sejam desenvolvidos com sucesso’, disse à Reuters Markus Manns, gestor de portfólio da Union Investment, fundo mútuo e acionista da companhia dinamarquesa.
‘Existem algumas preocupações significativas em relação às leis antitruste, e resta saber se a Pfizer apresentará outra oferta.’
A Pfizer afirmou que a proposta da Novo Nordisk acarretava ‘riscos substanciais de regulamentação e execução’.
‘Trata-se de uma tentativa de uma empresa com posição dominante no mercado de suprimir a concorrência, violando a lei, ao assumir o controle de uma concorrente americana emergente’, afirmou.
A Novo Nordisk afirmou que o acordo com a Metsera lhe dará a oportunidade de maximizar o potencial do ‘portfólio e das capacidades complementares’ da empresa norte-americana.
MERCADO DE US$150 BILHÕES
A previsão é de que o mercado global de medicamentos para obesidade atinja US$150 bilhões no início da década de 2030, impulsionado pela rápida adoção de terapias GLP-1 de empresas como Novo Nordisk e Lilly.
Tanto a Pfizer quanto a Novo Nordisk incluíram direitos de valor contingente em suas propostas para a Metsera, oferecendo pagamentos adicionais condicionados ao cumprimento de marcos clínicos e regulatórios.
‘A oferta competitiva da Novo Nordisk continua a demonstrar que as grandes farmacêuticas têm interesse em investir no mercado da obesidade’, afirmou Evan Seigerman, analista do BMO.
O analista David Risinger, da Leerink Partners, projetou um pico de vendas combinado superior a US$5 bilhões para os produtos em desenvolvimento da Metsera.
As ações da Metsera subiram quase 100% desde janeiro deste ano, passando de US$26,50 por ação em 31 de janeiro para US$52,21 na quarta-feira. Nesta quinta-feira, as ações disparavam mais de 22%.
A Metsera, que abriu capital este ano e tinha um valor de mercado de US$5,5 bilhões no fechamento de quarta-feira, possui um portfólio de medicamentos experimentais para obesidade, incluindo o MET-097i, um injetável de GLP-1, e o MET-233i, que imita o hormônio pancreático amilina.
(Reportagem de Louise Breusch Rasmussen, Jacob Gronholt-Pedersen e Maggie Fick; reportagem adicional de Sriparna Roy; texto de Adam Jourdan)
((Tradução Redação São Paulo))
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