O sarampo voltou a ser uma preocupação global, com a Europa registrando o maior número de casos em mais de 25 anos e os Estados Unidos enfrentando seu pior surto desde 2019. Os dados são alarmantes e refletem uma queda nas taxas de vacinação desde a pandemia da COVID-19.
Sarampo na Europa: O Maior Surto Desde 1997
De acordo com um relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo UNICEF, em 2024 foram registrados 127.350 casos de sarampo na região europeia, que inclui 53 países da Europa e da Ásia Central. Esse número é o dobro do registrado em 2023 e o maior desde 1997.
Principais Dados do Surto na Europa:
40% dos casos foram em crianças com menos de 5 anos.
Mais da metade dos infectados precisou de hospitalização.
38 mortes foram confirmadas.
1/3 dos casos globais de sarampo no ano passado ocorreram na Europa.
500.000 pessoas deixaram de receber a primeira dose da vacina.
O diretor regional da OMS para a Europa, Dr. Hans P. Kluge, alertou que “o sarampo voltou e é um alerta para todos. Sem altas taxas de vacinação, não há segurança sanitária“.
EUA: O Pior Surto Desde 2019
Os Estados Unidos também estão enfrentando um aumento preocupante nos casos de sarampo. Desde o início de 2025, mais de 250 casos foram relatados, sendo que a maioria das infecções ocorreu em indivíduos não vacinados ou com status de vacinação desconhecido.
Destaques do Surto nos EUA:
Texas e Novo México são os estados mais afetados.
Em Texas, 223 casos foram confirmados desde janeiro.
Em Oklahoma, dois casos prováveis foram relatados.
Duas mortes foram confirmadas, incluindo a primeira morte infantil por sarampo em uma década.
Os casos também se espalharam para Califórnia, Pensilvânia, Alasca, Flórida, Geórgia, Kentucky, Nova Jersey, Nova York, Rhode Island e Washington.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) informam que 97% de proteção contra o sarampo é garantida com duas doses da vacina tríplice viral (SCR). No entanto, apenas 92,7% das crianças nos EUA receberam as vacinas necessárias no ano letivo 2023-24, enquanto as isenções de vacinação aumentaram para 3,3%.
O Impacto da Desinformação e a Urgência da Vacinação
A disseminação de desinformação sobre vacinas tem dificultado os esforços de imunização. Robert F. Kennedy Jr., por exemplo, fez alegações infundadas na Fox News de que a vacina contra o sarampo “causa todas as doenças que o próprio vírus causa”. No entanto, pesquisas comprovam que os efeitos colaterais da vacina são mínimos em comparação com as complicações do sarampo, que pode ser fatal.
A vacina SCR continua sendo a melhor defesa contra o sarampo, oferecendo 97% de proteção com duas doses e 93% com uma dose. Especialistas enfatizam que, para conter surtos, 95% da população deve ser vacinada.
Na Contramão: Brasil Recupera Status de País Livre do Sarampo
Cinco anos após perder a certificação de eliminação do sarampo, o Brasil voltou a ser reconhecido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) como país livre da doença. O último caso registrado no Brasil ocorreu em junho de 2022, no estado do Amapá.
Durante uma cerimônia em Brasília, realizada em novembro do ano passado, o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, destacou que a conquista se deve à combinação de capacidade técnica e liderança política. Ele elogiou a retomada do programa de imunização, impulsionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu o certificado pessoalmente.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou que essa certificação reflete o compromisso do Brasil com a vacinação, mas alertou que a vigilância deve continuar. Especialistas reforçam que o sarampo ainda circula em diversas partes do mundo e que é fundamental manter altas taxas de imunização para evitar novos surtos no país.
A Importância da Vacinação
A OMS alerta que uma cobertura vacinal de pelo menos 95% é necessária para evitar surtos. No entanto, desde a pandemia de COVID-19, houve uma redução nas taxas globais de vacinação, resultando em um aumento de 20% nos casos de sarampo entre 2022 e 2023.
O sarampo é uma das doenças mais contagiosas do mundo e pode levar a complicações graves, incluindo pneumonia e encefalite. É fundamental que os governos e a população fortaleçam os programas de vacinação para conter a disseminação da doença.
