O cantor, compositor e produtor musical Smokey Robinson, ícone da Motown Records e uma das vozes mais reconhecidas da história da música norte-americana, está sendo acusado de abuso sexual por quatro mulheres que trabalharam como domésticas e assistentes pessoais em suas residências entre 2006 e 2024.
As denúncias fazem parte de uma queixa de assédio no local de trabalho, protocolada nesta terça-feira (6) em um tribunal de Los Angeles, e obtida com exclusividade pela CNN.
Acusações graves envolvem mais de uma década de supostos abusos
De acordo com o documento, as mulheres, identificadas como Jane Does 1 a 4, afirmam ter sofrido assédio sexual, agressões sexuais recorrentes e condições de trabalho abusivas enquanto prestavam serviços na casa de Robinson e de sua esposa, Frances Robinson, que também é citada como co-ré no processo.
As vítimas relatam que permaneceram em silêncio durante anos por medo de represálias, perda do emprego e vergonha pública, agravados pela fama e influência do artista. Três das quatro mulheres também temiam que a denúncia pudesse impactar negativamente seu status migratório nos Estados Unidos.
Detalhes das alegações: múltiplos episódios e locais
- Jane Doe 1 afirma ter sido abusada sexualmente pelo menos sete vezes entre 2023 e 2024, em uma residência do cantor no bairro de Chatsworth, em Los Angeles. Os ataques, segundo ela, ocorriam aos sábados, quando Robinson levava a esposa ao salão e retornava às pressas, sabendo que estaria sozinho com a funcionária.
- Jane Doe 2 alega que foi estuprada ou abusada sexualmente em 23 ocasiões entre 2016 e 2020, muitas vezes sendo chamada até a lavanderia ou garagem da casa — locais supostamente sem câmeras.
- Jane Doe 3 afirma ter sido violentada cerca de 20 vezes entre 2012 e 2024, também na casa de Chatsworth. Em uma das situações, ela diz ter recusado uma oferta de 500 dólares feita por Robinson para que permitisse sexo oral.
- Jane Doe 4, que também atuava como cozinheira, cabeleireira e assistente pessoal da esposa do artista, alega ter sido estuprada em Las Vegas em 2007 e também nas residências de Bell Canyon e Chatsworth.
Frances Robinson também é citada por conivência e racismo
Além de Smokey Robinson, o processo responsabiliza Frances Robinson por omissão e conivência com os abusos, além de contribuir para um ambiente de trabalho hostil ao gritar com as funcionárias e usar termos étnicos pejorativos, segundo a ação judicial.
Outras acusações incluem violações trabalhistas e danos emocionais
As ex-funcionárias também acusam o casal Robinson de violações das leis trabalhistas, como não pagamento de salário mínimo, ausência de horas extras, e falta de pausas para descanso e alimentação. As quatro vítimas estão requerendo pelo menos US$ 50 milhões em danos morais, materiais e punitivos.
O advogado John Harris, que representa as Jane Does, afirmou em entrevista coletiva que as mulheres “decidiram agir para defender seus direitos e os de outras trabalhadoras”, e que o processo é o “primeiro passo rumo à justiça”.
O músico ainda não se manifestou publicamente
Até o momento, os representantes legais de Smokey Robinson não responderam aos pedidos de comentário da imprensa.
Quem é Smokey Robinson?
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O cantor, hoje com 85 anos, tem uma carreira que atravessa mais de seis décadas, sendo conhecido por sucessos como “Tears of a Clown”, “I Second That Emotion” e “You’ve Really Got a Hold on Me”.
Além de vocalista do grupo The Miracles, ele também escreveu clássicos para Marvin Gaye, The Temptations e outros artistas da Motown, além de ter ocupado o cargo de vice-presidente da gravadora.
Smokey foi induzido ao Rock & Roll Hall of Fame em 1987 e recebeu o Lifetime Achievement Award da Academia do Grammy em 1999.
Com informações da CNN Internacional.