Pesquisadores de instituições renomadas nos Estados Unidos, Austrália e Holanda anunciaram um importante avanço na luta contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV), responsável pela AIDS. O novo estudo, publicado em maio de 2025 na revista Nature Communications, apresenta uma vacina de mRNA capaz de reativar e eliminar o HIV escondido no organismo, oferecendo uma nova perspectiva para uma possível cura da doença.
O que são vacinas de mRNA?

As vacinas de mRNA (ou RNA mensageiro) ganharam projeção global durante a pandemia de Covid-19, com os imunizantes da Pfizer-BioNTech e da Moderna. Essa tecnologia utiliza instruções genéticas codificadas em mRNA para ensinar o organismo a reconhecer e combater agentes patogênicos, como vírus e bactérias.
Diferente das vacinas tradicionais, que usam vírus enfraquecidos ou inativados, as vacinas de mRNA são mais rápidas de desenvolver, mais seguras e permitem ajustes mais precisos para cada tipo de ameaça. Desde então, cientistas buscam adaptar essa tecnologia para outras doenças infecciosas — como o HIV, que apresenta desafios únicos.
O desafio do HIV LATENTE
Mesmo com os tratamentos modernos com antirretrovirais, que impedem a multiplicação do HIV no organismo, o vírus permanece “escondido” ou latente em células do sistema imunológico. Esse HIV latente é um dos principais obstáculos para a cura da AIDS, pois pode ser reativado anos depois, caso o tratamento seja interrompido.
É nesse contexto que o novo avanço se destaca: a vacina de mRNA desenvolvida por cientistas consegue reativar o vírus adormecido dentro do corpo, permitindo que o sistema imunológico, com a ajuda de terapias complementares, o elimine completamente.
Quem são os cientistas envolvidos?
O estudo publicado na Nature Communications é fruto de uma colaboração internacional entre:
- The Peter Doherty Institute for Infection and Immunity, em Melbourne (Austrália);
- Beth Israel Deaconess Medical Center, afiliado à Harvard Medical School (Estados Unidos);
- Amsterdam UMC (Holanda).
Entre os autores, destacam-se três nomes de peso na comunidade científica global:

Dr. Thomas Rasmussen (em destaque acima) — Imunologista associado ao Peter Doherty Institute for Infection and Immunity, em Melbourne, Austrália. Rasmussen tem se dedicado há mais de uma década ao estudo da resposta imune em pacientes com HIV e ao desenvolvimento de estratégias para eliminação do vírus latente. Seu trabalho se destaca pela abordagem inovadora no uso de terapias de reativação viral.

Dra. Sharon Lewin (em destataque na imagem) — Virologista e diretora do Doherty Institute, é considerada uma das maiores especialistas globais em HIV/AIDS. Lewin tem liderança reconhecida em projetos internacionais voltados para a cura do HIV e atua também como presidente da International AIDS Society (IAS). Seu foco está no controle da latência viral e na integração de imunoterapias com vacinas genéticas.

Dr. Dan Barouch (na foto acima) — Pesquisador do Beth Israel Deaconess Medical Center e professor da Harvard Medical School, nos Estados Unidos. Barouch ganhou notoriedade mundial por liderar o desenvolvimento da vacina da Johnson & Johnson contra a Covid-19, baseada na plataforma de vetor viral. Há anos trabalha com vacinas contra HIV e outros vírus complexos, sendo uma das figuras mais influentes na interface entre imunologia e biotecnologia.
Como funciona a nova técnicas?
A estratégia é conhecida como “chocar e eliminar” (shock and kill). A vacina de mRNA foi projetada para “acordar” o HIV latente, ativando o vírus nas células infectadas. Em seguida, o sistema imunológico — potencializado por tratamentos específicos — atua para destruir essas células infectadas, impedindo a propagação do vírus.
Esse tipo de abordagem vinha sendo estudado há anos, mas a combinação com a tecnologia de mRNA permitiu um avanço mais controlado, eficiente e com menos efeitos colaterais.
O que acontece a seguir?
Apesar dos resultados animadores em testes laboratoriais e em modelos animais, os pesquisadores alertam que a técnica ainda precisa passar por ensaios clínicos em humanos. Se bem-sucedida, a vacina poderá ser usada em conjunto com terapias antirretrovirais para erradicar completamente o HIV do organismo de pacientes soropositivos.
O avanço também fortalece a esperança de que, no futuro, pessoas que vivem com o vírus possam alcançar uma cura funcional ou definitiva, deixando de depender de medicamentos diários.
Um novo capítulo na luta contra a AIDS

Desde a década de 1980, o HIV tem sido uma das maiores crises de saúde pública global. Milhões de vidas foram perdidas, e embora os tratamentos tenham evoluído significativamente, a cura da AIDS permanece como uma das maiores metas da ciência contemporânea.
Agora, com o avanço da vacina de mRNA contra o HIV latente, a medicina dá um passo concreto em direção a essa possibilidade. Os próximos anos serão decisivos para transformar essa promessa científica em realidade clínica.